As crianças
de hoje colocam a própria felicidade acima dos outros devido à educação que
recebem dos pais. Mas a sociedade está a precisar de gente mais altruísta.
Como? Há cinco formas de o conseguir.
Os pais de
hoje parecem ter-se esquecido do significado da palavra “altruísmo”. De acordo
com o estudo de Richard
Weissbourd, psicólogo da Universidade de Harvard, 80% dos 10
mil jovens entrevistados afirma que os pais se sentem mais satisfeitos
quando os filhos põem a sua felicidade e sucesso no topo das prioridades do que
quando preferem prestar apoio aos outros.
Este é um
dado que faz adivinhar um futuro pouco risonho para a humanidade: “Uma
comunidade saudável depende de adultos que estão empenhados em priorizar o
bem comum em detrimento do seu próprio”. A consequência do incumprimento destes
valores são 30% de estudantes agredidos em ambiente académico, mais de metade
das raparigas passaram por episódios de assédio sexual e mais de 50% admitiu
mentir ou trapacear na escola. Em suma, espera-se uma geração desrespeitadora,
cruel e desonesta.
Se formos
ouvir os pais, a opinião é diferente: a esmagadora maioria dos pais afirma que
“o caráter moral nas crianças é muito importante ou mesmo essencial”. E de
facto assim é, sublinha com o psicólogo Weissbourd, mas é necessário
que elas sejam educadas nesse sentido. “Elas não nascem boas nem más”, são
moldados de acordo com os princípios que lhes são entregues.
Como educar
os filhos para o altruísmo
De acordo
com a Making Caring
Common – um projeto que ajuda as crianças a absorver valores
altruístas – há cinco estratégias fundamentais para melhorar a moral
dos mais novos:
Tornar o
bem estar dos outros numa prioridade
Os pais
tendem a educar os filhos no sentido de colocarem a sua felicidade e sucesso no
topo das prioridades das crianças, mas aprender a equilibrar o bem estar dos
filhos com o alheio vai ser preponderante na hora de tomar decisões. Para tal,
basta ensinar-lhes a honrar os compromissos mesmo que isso traga infelicidade.
Apresente
atividades onde possam praticar o bem
Isto
começa em casa: as crianças têm de aprender a praticar o bem junto dos outros,
mas também a mostrar gratidão por quem contribui para a sua felicidade. Quando
se vive num ambiente onde isto acontece regularmente, há maior probabilidade de
a criança se tornar generosa, prestável e tolerante. Mas isto não significa que
presenteie o seu filho sempre que ajuda alguém: importa mesmo é conversar sobre
essas atitudes.
Expanda o
círculo de pessoas por quem o seu filho se deve preocupar
É normal
que as crianças queiram proteger aqueles que estão mais próximos deles, como a
família chegada e os melhores amigos. Mas ensine o seu filho a preocupar-se com
alguém que não conheça bem, como um aluno novo na escola que precisa de
ser integrado. Isto alcança-se dizendo à criança para prestar mais atenção às
pessoas ao seu redor, ouvi-las e procurar compreendê-las com atenção.
Seja um
modelo a seguir
As
crianças aprendem por imitação, por isso, aja de acordo com os comportamentos
que quer ver espelhados no seu filho. Além disso partilhe dilemas sociais com
ele, que ponham em confronto vários valores. Mas não tente ser perfeito: o
melhor mesmo é assumir que também erra e tem defeitos.
Ensine a
criança a gerir sentimentos negativos
Raiva,
vergonha ou inveja são sentimentos que podem brotar quando nos relacionamos com
as pessoas que nos rodeiam. As crianças precisam de saber que eles são
naturais, mas que existem maneiras saudáveis de reprimir essas emoções sem
causar aflições. Uma ideia: ensinar o seu filho a respirar fundo quando está
menos tranquilo. E a lembrar-se desse conselho sempre que tal aconteça.
Uma
conclusão que podemos retirar destes truques: a estrutura mental das crianças
depende dos adultos que somos e daquilo que queremos que a próxima geração se
torne. Mas há que salvaguardar um aspeto: não olhar para estes conselhos de um
ponto de vista meramente emocional.
Ao
Washington Post, o psicólogo Weissbourd afirma que perguntar
constantemente à criança sobre o que sente conduz a que ela se esqueça de
procurar saber o mesmo nos outros. “Precisamos de dizer aos pais para moderar o
foco que colocam no facto das crianças estarem ou não felizes e colocar a
prioridade na responsabilidade pelos outros”, conclui Weissbourd.
in http://observador.pt/2015/06/08/pais-precisamos-filhos-altruistas/
in http://observador.pt/2015/06/08/pais-precisamos-filhos-altruistas/
Comentários
Enviar um comentário