A nossa
inteligência faz-nos julgar que conseguimos sempre avaliar bem as
possibilidades ao nosso dispor, escolhendo depois aquela que por nós seja
considerada a melhor.
Acreditar que há
sentidos que nos ultrapassam é algo de elementar humildade. Por que razão
haveriam os mistérios do mundo de caber nas nossas cabeças?
Enganamo-nos a
nós mesmos, vezes sem conta. Curioso é que não aprendemos a duvidar mais das
nossas opiniões a respeito de tudo o que nos rodeia.
Fazemos o que
queremos ou o que devemos?
A vontade é
muitas vezes confundida com os apetites (impulsos naturais e básicos para a
satisfação quase cega de necessidades primárias) e com os desejos (pulsões de componente
emotiva e que procuram satisfazer uma atração que não provém da razão).
Ser livre não é
ser escravo do desejo, tão-pouco dos apetites. Ser livre é saber que não há
outro destino a não ser aquele que as nossas mãos determinarem. Aceitar os
sacrifícios da missão faz parte do heroísmo de lutar pelo melhor.
Querer é aceitar
as consequências do que se quer.
Nesse sentido, o
maior inimigo de qualquer um de nós é a má vontade.
É pela vontade
que vencemos as adversidades. Não é a intenção que faz diferença, mas sim a
decisão e a determinação que se coloca nas obras. A medida da vontade? O
esforço e a disposição de que se é capaz, em particular a paciência de
enfrentar o tempo que o bem demora, sem perder a convicção.
A vontade está
em torno da raiz do talento. De qualquer talento. Sem vontade, nenhum talento
chega a concretizar-se.
Há muitas coisas
que são independentes da nossa vontade e que escapam ao nosso entendimento.
Podemos tentar reconhecer-lhes algum sentido, como se fossem resultado de uma
vontade maior e, talvez, melhor.
Tendemos a
duvidar mais do que a ter fé, a desprezar mais do que a admirar, a procurar
mais do que a esperar, a pensar mais no nosso contentamento do que a amar. Mas
somos livres. Sempre. Até mesmo diante do amor podemos virar as costas e ir
embora.
Entreguemo-nos à
vida, cumprindo o que nos cabe, aceitando que há sentidos maiores e melhores do
que aqueles que somos capazes de conceber.
Queira eu o
melhor para mim, mesmo que não o compreenda nem seja o mais agradável.
Aprenda eu a
acreditar, a admirar, a esperar e a amar.
José Luís Nunes Martins
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