Vocalista dos U2 diz o que os músicos cristãos têm de ser

Se o leitor é um fã da banda de rock U2, saberá provavelmente que o líder, o vocalista Bono, adora os Salmos, tendo falado muitas vezes sobre a inspiração que extrai ao ler esses hinos bíblicos.


E agora o músico irlandês de 57 anos afirma que os Salmos oferecem uma lição para aspirantes a músicos cristãos: se querem criar arte real, precisam de ser muito mais honestos do que é habitual na denominada "música cristã".

«A criação grita o nome de Deus. Por isso não é preciso marcar um sinal em cada árvore», declarou em entrevista publicada em abril, integrada num conjunto de cinco vídeos produzidos pelo estúdio Fuller.

Bono rejeitou a ideia de que a música ou a arte têm de ser explicitamente rotuladas de cristãs e limitadas a mensagem cristãs explícitas para se glorificar Deus.

«Isso tem mesmo, mesmo de parar. Quero ouvir uma canção sobre a rutura no seu casamento, quero ouvir canções de justiça, quero ouvir raiva por causa da injustiça e quero ouvir uma canção tão boa que faz com que as pessoas queiram fazer algo em relação à questão», vincou.

Noutro vídeo, Bono salienta que aprendeu a importância da escuta e da honestidade ao ler, durante anos, os Salmos, tendo apontado a figura do rei David, a quem os Salmos são atribuídos.

O compositor chamou a atenção dos «artistas ou potenciais artistas» que «não estão a dar expressão ao que realmente acontece nas suas vidas porque sentem que isso lhes dará uma impressão errada deles»

Depois de se apaixonar com uma mulher casa chamada Betsabé, o monarca cometeu adultério com ela, tendo depois urdido um plano para matar o marido, um soldado, de modo a encobrir a posterior gravidez.

Os males cometidos pelo rei David foram «desconcertantes», afirmou o vocalista, e todavia ele encontrou a graça divina e a redenção.

O artista mostrou-se convicto de que falta a alguma da música contemporânea cristã o alcance das emoções cruas contidas nos salmos.

Ao reler os Salmos de Subida, originalmente entoados pelos judeus que peregrinavam para Jerusalém, cidade situada em plano elevado, Bono referiu que encontrou poemas sobre paz, proteção, riso, orgulho desmedido, raiva, lágrimas, humildade e unidade: «Porque é que na música cristã não consigo encontrar isto?», questionou.

A honestidade de dar expressão aos acontecimentos reais que se passam na vida de cada pessoa é a chave para a boa arte, observou, realçando que o propósito dos músicos cristãos é criar arte, não publicidade.

O compositor chamou a atenção dos «artistas ou potenciais artistas» que «não estão a dar expressão ao que realmente acontece nas suas vidas porque sentem que isso lhes dará uma impressão errada deles».

«Não temos de agradar a Deus de outra forma a não ser brutalmente honestos. Isto é a raiz. Não só quanto à relação com Deus, mas é a raiz de uma grande canção. É o único lugar onde se pode encontrar uma grande canção. O único lugar onde se pode encontrar qualquer obra de arte, de mérito», assinalou.



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