Ano da Fé - Do rebecer para o transmitir



Por toda Igreja se assinala hoje a abertura do Ano da Fé.
Também nós, Equipa Arciprestal de Pastoral Familiar, nos associamos e unimos ao Santo Padre Bento XVI e a todos os cristãos do mundo para abrir as portas a este ano que auguramos providencial para a Igreja.

Como sabemos, o Ano da fé foi proclamado pelo Papa com o intuito de celebrar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Contudo, há uma outra intenção muito precisa, explícita e urgente: chamar a atenção para a centralidade e a beleza da fé cristã no quotidiano da vida dos cristãos e propô-la a todos como fonte de vida plena e verdadeira.
Poderíamos, assim, dizer que não basta apenas celebrar uma efeméride, um acontecimento histórico, tão marcante quanto importante e transformador para a vida da Igreja. Isso seria reduzir o propósito do Ano da Fé à exterioridade. Isso seria sair do caminho da fé. Na verdade, este ano da Fé é muito mais do que eventos culturais, sociais, litúrgicos ou outros. Penso, aliás, que este providencial ano da fé nos desafia a colocar-nos diante do mistério cristão como porventura nunca estivemos. Portanto, diante do que professamos e do que somos.
Já em Lisboa, o Santo Padre tinha alertado, "que a prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspetiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política."
E continuava dizendo: "Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista. Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções; mas que acontece se o sal se tornar insípido?" (Homilia do Papa Bento XVI, Praça Terreiro do Paço de Lisboa, 11 de Maio de 2010).
Esta inquietação do Santo Padre, reaparece na Carta Apostólica Porta Fidei, no número 2. E no início do número 3, ele encoraja: "Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16).
Precisamos todos de "redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo." (Porta Fidei, 2).
"«A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude»." (Porta Fidei, 2).
É nesta perspetiva que nos encontramos hoje: desejamos recolocar-nos no caminho, com Cristo e com a Igreja, neste espaço e neste momento, a procurar não só a buscar o essencial dos conteúdos da fé da Igreja, com simplicidade e abertura de coração, mas demandando sobretudo aquela forma que favoreça uma maior assimilação espiritual, um encontro mais profundo e fecundo com Aquele que caminha connosco.
A Família encontra-se hoje nesta longa e bela peregrinação de confiança e de fé. Na contemporaneidade da história, a Família e os seus membros estão sempre com sede e com fome. Procuramos saciar-nos da água viva e do pão vivo.
Abre-se hoje a porta da fé, mas, sabemo-lo bem, esta porta sempre esteve aberta para nós. "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem." (Jo 10, 9).
Esta porta permite-nos entrar e sair, permite-nos cruzar a nossa vida com a graça que transforma.
Embora, atravessar esta porta seja aventura-se num caminho que dura a vida inteira, não deixemos para amanhã participar desta graça: “O Cristianismo tem de estar no presente para poder dar forma ao futuro.” (Bento XVI).

P.e Francisco Carreira

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