A família... rezemos pela família!

A família -um dos bens mais preciosos da humanidade- como disse São João Paulo II: "nos tempos modernos, tem sofrido quiçá como nenhuma outra instituição, a pressão das transformações amplas, profundas e rápidas da sociedade e da cultura" (Familiaris Consortio, 1).
Preocupantes são os sinais de degradação de alguns valores fundamentais, o que dá lugar a: "uma equivocada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si, as graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos, das dificuldades concretas que com frequência experimenta a família na transmissão dos valores, o número cada vez maior de divórcios, etc. (Idem, 6). Insistia o soberano pontífice que, "o futuro da humanidade se forja na família!".
A pressão da sociedade secularizada em que vivemos sobre as famílias é assustadora. Uns capitulam deixando de lado os princípios em que se fundamenta. Isso os leva a abandonar a bela e emocionante promessa do momento da promessa matrimonial: "me entrego a ti, e prometo ser-te fiel na prosperidade e na adversidade, na saúde e na enfermidade, todos os dias de minha vida". É necessário, queridos leitores, uma resistência que poderíamos qualificar de heroica, para enfrentar a pressão que sofrem os membros da família, especialmente o esposo e a esposa.
A continuar assim as coisas, esta penetração nas mentalidades e nos costumes, dará lugar a que, "em breve, a família autenticamente cristã terá passado a constituir uma exceção raríssima e mal vista, no seio de uma sociedade descristianizada", como disse quem foi o líder católico mais importante do Brasil no século passado, Plinio Corrêa de Oliveira.
Na preocupação desta triste e grave situação que sofre a santa instituição da família, caiu em minhas mãos um livreto, simples e pequeno, intitulado: "Orações para a família". Foi editado pelos Arautos do Evangelho da Colômbia. Comecei a folheá-lo. Fiquei impressionado com os pedidos, nas variadas orações que contêm para enfrentar as dificuldades pelas quais passam os pais, os filhos, a relação mútua entre eles e outras circunstâncias.
Pensei em vocês, meus queridos leitores. Mas, como fazer para transmitir-lhes isto em um artigo? Compenetrando-nos, a situação nos ficará clara em nossos pensamentos, saberemos que atitudes tomar e principalmente... por isso rezar.
Caminhemos um pouco nesta singular experiência jornalística, se encantarão. Tomemos alguns pontos apenas das variadas orações.
Se pensamos na Sagrada Família de Nazaré, que nos deixou o exemplo exímio de amor dos esposos entre si e do amor aos seus filhos, não deixemos de pedir, para que sejamos ajudados: "a educar de forma cristã aos nossos filhos e a amar-nos uns aos outros com um amor sacrificado, terno e puro".
Para que haja paz -a tão anelada paz familiar- é preciso que tenhamos sentimentos de misericórdia, que sejamos humildes, que nos revistamos de doçura e de paciência. Peçamos portanto: "Senhor Deus nosso, ajuda-nos a aguentarmos uns aos outros quando tenhamos um motivo de queixa. Que saibamos perdoar-nos mutuamente o mesmo que tu, Senhor, nos perdoou".
Não poucas vezes as famílias vivem provas e dificuldades, é o momento de pedir a Deus, Pai cheio de bondade, que socorra as "afetadas pela perda de valores, a falta de trabalho, a solidão e a falta de amor".
O estar sozinhos, o estar sem família. Quantos são os que sofrem estas situações. Que, a estes ou estas, se os desígnios de Deus são de que não cheguem a formar um lar, rezem pedindo: "a graça de aceitar minha solidão abençoada com tua presença e de estar em paz comigo, sabendo que teu Amor e tua presença me envolvem e acompanham sempre. Não deixes que me feche em mim mesmo, mas ajuda-me a estar sempre aberto a ti e aos demais".
O desemprego, quando atinge um lar, o chefe de família, junto a esposa e as crianças, rezem: "te peço que me concedas todo o ânimo, confiança, valor e fortaleza, para sair de minha casa em busca de trabalho, com a certeza de que Tuas mãos estendidas ao meu favor me abrirão as portas, preparando a minha entrada em um emprego segundo a Tua vontade".
A preocupação de uma mãe sempre são os filhos, para que não se apartem do bom caminho e possam alcançar a salvação. Belo é escutá-las rezando: "Senhor Jesus Cristo, toma sob tua proteção os filhos que Tu me deste. Não permitas que te ofendam com o pecado: escolha-os para o Céu".
Também, ambos pais têm que pedir para que seus filhos saibam discernir o caminho por Deus assinalado para eles. Ser valentes e pedir para que "não se conformem com um ideal fácil e medíocre". Mas rezar também para que eles mesmos sejam iluminados pela graça, para "que lhes ajudemos a reconhecer sua vocação e a realizá-la generosamente, sem colocar impedimentos à sua liberdade e sem opor-nos ao teu guiar interior".
E os filhos? Também eles devem compreender sempre mais aos seus pais, saber devolver-lhes amor por amor. Rezar por eles dizendo: "Senhor Jesus, eles me deram carinho, proteção, se desvelaram por mim. Quando eles precisarem de mim, quero que se sintam envolvidos por meu respeito, meu amor e minha compreensão".
Grande é a missão da mulher. Nada melhor que pedir por meio da Santíssima Virgem Maria, Casta Esposa de São José e Mãe terníssima de Jesus, perfeito modelo das esposas e das mães: "Ensina-me a honrar o meu marido, como tu honraste a São José; que ele encontre em mim a esposa segundo seu coração". E claro não deixar de pedir: "Protege ao meu marido, dirige-o pelo caminho do bem e da justiça, pois sua felicidade me é tão querida como a minha".
Espero que lhes tenha sido proveitoso e os enchido de esperança.
Voltemos nossos pensamentos para a família de Nazaré, em sua oculta existência, na pobreza, na perseguição, no exílio. Que São José -a quem o Criador do mundo chamou de Pai- guarde e proteja as famílias nestes momentos convulsionados que vivemos. Que Nossa Senhor dê forças a quantos sofrem as dificuldades em suas famílias. Que Cristo Jesus dê luz, alegria, serenidade e fortaleza a todas e cada uma das famílias de nosso querido El Salvador.

Por Padre Fernando Gioia, EP.
www.reflexionando.org

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica el 26-11-2017)

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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